Carta para os nossos Ex
Ao
ler uma carta que nosso leitora mandou para seu ex-namorado, tive a sensação
que muitas das emoções que ela descreveu, eu já passei num relacionamento
específico. Ao terminar, apenas expliquei que me sentia como uma abajur
da casa dele, que eu não sabia por qual motivo ele estava namorando comigo, já
que ele não demonstrava afetividade e ainda fazia greve de sexo. E ele ficou surpreso:
"mas eu te chamo de princesa!"
E no
entanto, eu guardei para mim os feed-backs que ele merecia ouvir, para ser mais
afetuoso com a próxima namorada/esposa/filhos. E assim fui me desconectando
dele, e hoje ele deve me chamar de louca (não é assim que muitos homens
descrevem sua ex?), sem entender por qual razão do nada, eu pedi afastamento e
término.
Ele não
teve a oportunidade de saber o que significou a nossa relação... e como
hoje sou mais madura, estou aqui me retratando, aos homens e mulheres que
poderiam ter amadurecido com um feed-back construtivo. Esse ex minou a relação
até o fim, me pedindo de maneira consciente ou inconsciente, para que eu
terminasse a relação com ele.
Olhe
essa carta, escreva a sua, e tire do peito. Você vai ver que gostoso colocar
emoções em palavras:
Carta
ao Nhonho
Eu vou te dizer tudo que eu precisava e
queria ter dito no dia que nós terminamos, mas não o fiz porque tudo o que eu
queria na hora era sair logo da sua casa e de perto de você. Alguém precisa ser
real nessa história que a gente teve - e eu já sei que não vai ser você.
Eu menti. Mantive a cordialidade e as
aparências como você sempre fez comigo e faz com tudo na sua vida. A verdade é
que eu não tenho carinho por você, Paulo Eu não te desejo o melhor, eu não
sinto a sua falta, eu não quero a sua amizade. Há um motivo pelo qual eu nunca
mais te procurei e nem tive a menor vontade de continuar acompanhando a sua
vida no instagram. Logo eu, a rainha do stalk hahahahah. Silenciei o seu perfil
para não ter o desprazer em topar com alguma publicação sua, pois tudo
relacionado a você me dá asco. Teria sido mais fácil simplesmente te deletar,
mas em nome da boa-convivência eu decidi não fazer isso – até ontem.
Você precisa saber como me fez mal. Que
você me machucou com o que você deixou de fazer e de dizer. Que você entrou
para a história como o pior de cama e que todas as minhas amigas sabem do seu
egoísmo. Que eu aliviava minha frustração sexual comendo doces – e que eu quase
nem como doces mais desde que terminamos. Você feriu a minha autoestima e me
fez sentir fisicamente indesejável. Que ironia, né? Logo eu, entre nós dois.
Você é o menos atraente dos meus ex, mas, curiosamente, foi o único que
precisei implorar pra conseguir sexo. E um sexo de merda! Deveria ter sido o
contrário.
Você me usou para despejar as
leviandades da sua vida vazia. Como era entediante falar ao telefone com você!
Você reclamava que eu ficava dispersa, mas é que era impossível não me desligar
das lenga-lengas de sempre. Nosso relacionamento foi basicamente constituído
por assuntos-disfarce no qual você falava da empresa em que trabalha, de carro,
de barco e de avião, e eu falava apenas do meu dia-a-dia, já que qualquer
tópico relacionado a nós era tabu. Eu te perguntava as coisas e você desviava.
Dizia o que achava que eu queria ouvir, nunca as verdades. E isso em você era
tão transparente que o real motivo pelo qual minha mãe nunca gostou de você é
porque ela dizia que você é falso. Só eu que não via... Pq infelizmente eu te
amava. Eu te amava o suficiente pra me preocupar com a sua saúde física e
mental. Eu pegava no seu pé pra você se cuidar de uma forma que você nunca fez
comigo. Eu te fazia cafuné sem receber o mesmo em troca. A sua maneira de
demonstrar afeto era me comprando presentes, mas presentes qualquer um pode me
dar. Você não me tocava, você não me olhava nos olhos... Você dificilmente me
elogiava. Você não gostava de me beijar. E a culpa também é minha por ter tido
tanto desamor a mim mesma que me submeti a alguém tão gelado como você.
Na última vez que você me ligou eu
queria ter dito que ODEIO o jeito que você fala. “BAMMMMbola”, “VoLLLvo”, argh.
Que eu tava me lixando pros
acontecimentos recentes da sua vida. Que não, não era bom falar com você e que
jamais eu te ligaria – mesmo você querendo deixar essa porta aberta. Eu nem sei
pq eu te atendi naquele domingo. Vai ver foi por hábito, como tudo era no nosso
relacionamento. Ah, e que um dos motivos pelos quais a minha voz estava tão boa
é justamente porque você não faz mais parte da minha vida. Once you left, I
began to thrive.
Eu não consigo nem ouvir 19-2000 –
Soulchild Remix, dos Gorillaz, mais por causa da forma irritante que você
cantava “it’s the music papa juice”. Ainda bem que é a única música que você
estragou pra mim, já que você nunca penetrou com profundidade nas minhas
emoções pra conseguir mexer com outras. Que triste constatar isso depois de 5
anos, né? Que, no final, você não foi grande coisa pra mim...
Eu sinto pena da próxima pessoa que se
relacionar com você. Pena pq você não tem muito o que oferecer. Não tem amor,
não tem calor, não tem conexão, não tem troca. Tanto é que a mensagem que você
me enviou no WhatsApp logo após o nosso término continha a intimidade e a
personalidade de um e-mail de aniversário enviado por uma empresa qualquer.
“Parabéns. Saúde e felicidade são os nossos votos para o seu dia. Ass: equipe
X”. A única coisa que você tem, Paulo, é o dinheiro, que você usa pra encher
todo mundo de presentes. Vai ver é por isso que você se mata tanto por ele: pq
no fundo você sabe que não tem nada além disso.
Dito tudo isso, eu vou te bloquear pois
não quero mais contato com você. E você também não tem direito a resposta, já
que foi exatamente assim que eu fui tratada nos últimos anos. Eu não estava
suportando a ideia de você andando por aí, de consciência tranquila, achando
que tinha sido ótimo pra mim enquanto na realidade você não passa de um dos
namorados mais decepcionantes que eu já tive. Você não quis fazer parte de
verdade de mim enquanto estávamos juntos, então não vai ser agora que você
fará. A “honra” de ver a minha bolinha de stories no instagram você não merece
ter. Finalizo esta carta com os meus votos reais para a sua existência: não te
desejo o mal, não te desejo o bem. Desejo-lhe uma vida com a energia que emana
de você: vanilla, morna e em cima do muro. Adeus.